Globo Rural mostra a rotina das quebradeiras de coco babaçu no Maranhão




Globo Rural chega neste domingo (13) ao programa de número 2.000. Para comemorar, a reportagem voltou a visitar mulheres que vivem do babaçu no Maranhão, depois de 15 anos.

Babaçu, em tupi-guarani, significa coco grande. O nome científico é Attalea speciosa. Speciosa, do latim, quer dizer belo.
Belo e resistente, o babaçu nasce sozinho, só com alguma ajudinha de roedores, como cotias e pacas. Eles retiram a parte externa do fruto, facilitando sua germinação e dispersão pela natureza.
O coco de babaçu tem de uma a sete amêndoas. Dentro de cada uma delas existe um embrião, que dará origem a uma nova palmeira.
Tocantins, Piauí, Pará e, principalmente, Maranhão são os estados onde está a maior concentração da planta. São também os lugares onde estão as quebradeiras de coco, mulheres que tiram do babaçu o sustento de toda a família. Em todo o Nordeste, 350 mil delas trabalham com o aproveitamento do fruto.
"O babaçu é tudo na minha vida. Foi com o que criei meus filhos, foi quebrando coco", conta Raimunda Barbosa, 79 anos, a mais velha quebradeira da comunidade.
"A gente costuma dizer que uma palmeira é uma mãe que dá sustento a uma família, a vários filhos", emenda a quebradeira Maria da Glória Belfort.

Ofício que não se aprende
No Maranhão, diz-se que quebrar coco não é ofício que se aprende: já se nasce quebrando babaçu.
Francisca de Matos quebra coco desde pequena. Não sabe precisar há quantos anos faz o trabalho, nem ao certo quantos tem de vida - que, segundo ela, preferia que fosse outra. “Peço a Deus todo dia, mas ele ainda não deu (outra vida) não.”
Nádia Pereira tem 16 anos e quebra coco desde os 7. Aprendeu com a avó e a bisavó. "É melhor [quebrar coco] do que ficar parada. Eu vendo para o comerciante, eu pego, compro roupa, sandália".

Sonho de ser doutora
Ela mora em uma casa simples. Em vez de portas, um lençol separa o seu quarto, onde dorme em um cantinho. Em vez de guarda-roupa, uma prateleira e sacos abrigam seus pertences. Na cozinha, um monte de arroz vindo da roça do pai.
O banheiro fica do lado de fora, como em muitas outras casas da região. Serve só para o banho de balde, com água do poço. As necessidades são feitas no mato.
Enquanto quebra coco, Nádia sonha em ser médica. "Ser uma doutora. Para cuidar de doente de febre, dessas coisas. Eu queria. Estudar bem, para ser coisa melhor. Caçar um trabalho, ganhar bem."
Pouco valorizado, o trabalho com o coco deixa de ser atraente. É a pobreza de quem vive cercado de riqueza, já que do coco e da palha do babaçu se faz muitos produtos.

Do G1 MA.


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